PRA QUE CULTO?

A Teologia do Culto

Parem de trazer ofertas inúteis! O incenso de vocês é repugnante para mim. Luas novas, sábados e reuniões! Não consigo suportar suas assembléias cheias de iniqüidade. Isaías 1:13

Como e porque cultuamos? A experiência devocional do culto público é uma das mais completas e significativas experiências que um ser humano pode ter. Mas, em muitas igrejas, a realidade é exatamente o oposto: reuniões longas, cansativas, maçantes, desconectadas da sua realidade, constrangedoras e incitadoras do medo e da ansiedade.

Talvez estejamos perdendo o foco do culto, de seu propósito e características.

O culto deve ser festivo (celebração) – “Louvem-no com cânticos de alegria e ao som de música” – Salmo 98:4

O culto deve ser solene (cerimonial) – mas não confunda solene com sonolento. O dicionário cita “solene” como “algo que infunde respeito”. O culto pode ser festivo e ainda assim ter momentos solenes. Atos simples como fechar os olhos, curvar a cabeça, ajoelhar-se, curvar-se ou colocar-se de pé reverencialmente são solenidades.

O culto deve ser memorial – os elementos do culto devem estimular a lembrança do que Deus fez, devem trazer à memória também o que nós fizemos (de bom, para gratidão ou de mal, para arrependimento e perdão).

O culto deve ser pactual, deve produzir alianças e compromissos. Um culto verdadeiro sempre motivará a tomada de decisões em relação a Deus e ao próximo.

O culto deve ser evangelístico, mas não apenas na pregação. O culto todo deve ser a manifestação compreensível e saborosamente convidativa dos conteúdos do Evangelho: a alegria, a paz, a comunhão, o perdão, a esperança e o serviço devem estar manifestos.

O culto deve ser simbólico – mas com símbolos autênticos, verdadeiros e significativos.

O culto deve ser violento (no seu impacto) – mas, violência aqui não tem relação com brutalidade, mas com energia e poder. Há, pelo menos, três “violentas” manifestações divinas relacionadas a um culto em Atos. No capítulo 2, ouviu-se um som como de um “vento impetuoso”; em Atos 4, durante a oração, “moveu-se o lugar em que estavam reunidos” e Paulo e Silas (na prisão) cantaram até romperem-se os grilhões que os prendiam. Não por acaso, “poder” em grego é dinamys (de cuja raiz provém a palavra “dinamite”).

O culto deve ser racional – deve ser compreensível, discernível, inteligível. E isso é tão sério, que Paulo alerta para que ninguém tome parte na Ceia do Senhor sem “discernir o Corpo” e para que não haja orações em línguas sem alguém que as discirna também.

O culto deve ser sacrificial – sendo os maiores, os de colocar o interesse do outro acima do meu, a vontade de Deus acima da minha e no fim, como recompensa, descobrir que o sacrifício não trouxe dor, mas alívio.

O culto deve ser sentimental – é cientificamente comprovado que a emoção auxilia a fixação do conhecimento. Aprendemos melhor e de forma mais duradoura quando há emoção associada ao ensino. O escritor americano Raymond Ortlund pergunta: “Como saber se cultuamos de verdade?” e responde: “Se saímos da igreja nos regozijando”.

O culto deve ser espiritual – o espírito humano é o “ambiente da adoração”, é onde a adoração acontece. Jesus, condena a mera liturgia daqueles que o louvam com lábios, mas cujo coração “está longe” (Mt 15:8)

O culto deve ser público e comunal – a adoração a Deus é uma experiência íntima e pessoal que, entretanto, manifesta-se pública e coletivamente durante o culto.

O culto é, enfim, a experiência humana mais completa, pois envolve o corpo, a alma e o espírito e cumpre, a um só tempo, a tríplice missão da igreja: comunhão, evangelização e adoração.

Por Alessandro Mendonça

Publicado em 4 de novembro de 2010, em Blog e marcado como , , . Adicione o link aos favoritos. Deixe um comentário.

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